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TORNAR-SE PSICANALISTA, UMA POSIÇÃO ÉTICA.
Grupo de estudos: um espaço de troca que ajude a construir perguntas importantes que possam inspirar as escolhas futuras nesse percurso de tornar-se psicanalista.
Um Ofício e uma Ética;
Da Não regulamentação desse Ofício;
Da formação à autorização de si mesmo;
Da popularização e democratização da Psicanálise.
É muito comum para alguém que se interessa por Psicanálise, se questionar o porquê não regulamentar a Psicanálise enquanto profissão. E essa pergunta nada tem de banal, ao contrário, é de grande importância.
Pensar o porquê da não regulamentação é voltar à pergunta primordial: o que é Psicanálise e do que se trata a sua Ética?
Diante do movimento de popularização e democratização da Psicanálise no Brasil, pensamos que esse debate há de estar acessível àqueles que se interessam por tornar-se psicanalista. Começar um percurso a partir dessa questão, podendo voltar sempre a ela, é estar próximo e implicado com a Ética da Psicanálise. Para aquele que busca uma formação, diante de tantas ofertas que vemos por aí, ao que é importante estar atento?
A formação do Psicanalista se dá no laço com outros Psicanalistas. É pelo processo de análise, pela experiência de supervisão, pelo estudo contínuo e pela transmissão, que um Psicanalista virá a ser. Mas tornar-se psicanalista, não é percorrer um caminho até um lugar de chegada e lá receber o título. Ser psicanalista é um tornar-se constante. Esse ofício pressupõe ocupar uma posição ética, e que é fugidia, difícil de se sustentar, que escapa, que precisa ser a todo instante recuperada. Habitamos o campo ético, e não da moral, por isso jamais o ofício poderá ser convertido em um código de prescrições e proibições. Se trata de um modo de se estar diante do outro, um modo de escutar e de falar a ele na sua alteridade.
A Ética da Psicanálise é a Ética do Inconsciente, ou seja, pressupõe a sustentação de um saber inconsciente. Assim, não é possível pressupor um saber sobre um sujeito antes que este, no lugar de analisando, fale, antes que o sujeito do Inconsciente se apresente. É um saber que se constrói e se cria num tempo que está por vir. É sempre a posteriori que se apresenta esse saber. Regulamentar a Psicanálise é supor a existência de um saber a priori que diga do sujeito-analisando, que se antecipe à sua fala. Uma escuta que antecipa o que ouve e predetermina o sentido.
A Psicanálise não pode se sujeitar a uma regulamentação que estabeleça protocolos baseados em diagnósticos que orientem a prática clínica. Sua Ética é uma forma de resistência à lógica da regulação, que visa normatizar desejos, corpos e modos de vida. Trata-se de uma prática crítica e viva. O analista há de sustentar a escuta do mal-estar, a divisão subjetiva do sujeito, sem a pretensão de salvá-lo daquilo que é ontológico ao ser.
É no um a um, no caso a caso, que se faz Psicanálise. A Ética é vivida na clínica real, no encontro singular com cada sujeito.
A continuidade do movimento psicanalítico não depende de formalizações, mas sim da capacidade de compreender, transmitir e difundir a Ética que a impulsiona. A não regulamentação da Psicanálise é uma condição a ser sustentada pelas instituições implicadas com a Ética Freudiana e por cada psicanalista implicado com tal causa. Tal sustentação não se dá sem custo ou trabalho. Uma vez não regulamentada, sem protocolos e garantias, há que caber a cada Psicanalista a implicação com sua própria formação que se sustentará pelo processo de análise pessoal, pela prática da supervisão de seus casos, pelo estudo teórico contínuo e, porque não acrescentar, pela transmissão de sua experiência. Sendo fundamental que esses processos aconteçam no laço social, entre pares, grupos, escolas e instituições. O Psicanalista não pode se abster do social, da cultura, dos acontecimentos no tempo, no espaço e no laço com o outro.
No texto "A questão da análise leiga", de 1926, Freud nos alerta que a Psicanálise não deve ser regulamentada e, que se houver preocupação com seu ofício, há que se criar condições para sua transmissão com respeito a sua Ética.
Nesse grupo de estudos nos propomos a compartilhar nosso percurso e problematizar juntos sobre a ética do psicanalista, a partir de leituras e trocas de experiências. Nós do Elabora, diante da alta demanda por Supervisão por pessoas ainda muito no início de sua formação e que já estão nas suas clínicas, pessoas vindas de lugares muito diferentes, alguns até sem lugar, pensamos em criar um espaço para acolhê-las em uma dimensão mais ampla, um espaço paralelo ao da experiência de análise pessoal e da supervisão, com propósito de se pensar a ética da psicanálise, um espaço de troca que ajude a construir perguntas importantes que possam inspirar as escolhas futuras nesse percurso de tornar-se analista.
Iniciaremos nossos estudos com Freud em seu artigo “A questão da análise leiga: diálogo com um interlocutor imparcial (1926)”, trabalho fundamental para a formação do Psicanalista. Seguiremos com uma seleção de artigos das duas publicações do Movimento "Articulação das Entidades Psicanalíticas Brasileiras” que há mais de vinte anos vem fazendo frente às tentativas de regulamentação do nosso Ofício. Outros textos serão somados a essa discussão ao longo do nosso percurso
Os textos serão articulados às experiências dos integrantes do grupo.
Público-alvo: Psicanalistas em formação e outros profissionais que se interessam pelo ofício da Psicanálise.
Início: 12 de Setembro de 2025
Horário: Sexta-feira, das 18h às 19h30
Duração: 1h30
Local: Reunião On-line pelo Google Meet
Encontros quinzenais
INVESTIMENTO:
R$ 150,00 | Mensal |
COORDENAÇÃO:
Nina Lira
Graduada pela USP e psicanalista pelo Departamento Formação em Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Foi coordenadora da Comissão Clínica e membro efetivo do mesmo Dpto. Foi uma das responsáveis pelo dispositivo clínico do Grupo de Acolhimento da Clínica Psicológica do Instituto Sedes por 6 anos. Lecionou curso de extensão sobre Psicofármarcos e a Prática clínica no mesmo Instituto. É uma das membras fundadoras do Elabora Psicanálise Acessível. Entre outros trabalhos, traduziu o livro da psicanalista inglesa Meg Harris Williams, pela Karnac Books Ltda e foi coordenadora e revisora crítica da tradução “Revisitando Inveja e Gratidão”, série do Comitê de Publicações da International Psychoanaliytical Association (IPA). Estudiosa da escola inglesa, com destaque para Bion. Tem interesse especial pela temática da estética em psicanálise. Atualmente atende e da supervisão em consultório particular.
Vivian Teixeira da Silva
Psicanalista em construção contínua. O Instituto Sedes Sapientiae foi minha primeira escola de Psicanálise. Lá concluí o curso de Fundamentos da Psicanálise e sua prática Clínica, do Departamento de Formação em Psicanálise e o curso de Psicanálise, do Departamento de Psicanálise. Na Clínica do mesmo Instituto, fiz parte do Projeto Compor. E atualmente, participo do Grupo de trabalho Articulações Teórico-Clínicas: Freud e Lacan. Sou membro fundadora da Rede Elabora Psicanálise e do Projeto Pulsação. Atuo como Psicanalista Clínica, supervisora, coordenadora de grupos e oficinas de colagem para crianças. Outro tema que me causa profundo interesse é a relação entre Arte e Psicanálise. Há alguns anos me dedico a estabelecer uma conversa entre estes dois campos, participando de grupos de estudos como o Música e Psicanálise e Um fazer com a arte. Psicóloga pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 2006.